Cada dia que passava eu perguntava a Deus porque é que aquilo me tinha acontecido. Porque a mim? Essas eram as perguntas que todos os dias permaneciam na minha cabeça. Sem resposta. Fiquei no orfanato 1 ano. No meu 15º aniversário a policia veio ter comigo para dar-me uma novidade.
Flashback on – 1 de Fevereiro de 2009
Entrei numa sala e estavam lá dois polícias. Sentei-me numa cadeira ficando frente a frente com eles.
- Passa-se algo? – perguntei.
- Sim, nós descobrimos que tens uma tia, irmã da tua avó Kate, a viver em Londres, e tu vais viver para a casa dela.
Fiquei estática, sem saber o que dizer, sem saber o que pensar. Não estava à espera que aquilo acontece-se, não estava mesmo. Londres? Vou deixar tudo para ir para Londres. Quer dizer, eu nem tinha amigos em Nova Iorque. Pode ser que a mudança de ares me ajude a esquecer a minha vida, tudo de mau que aconteceu nela. E pode ser que isto seja uma espécie de novo começo.
Viajei até Londres e conheci a minha tal tia chamada Beth, e as suas filhas gémeas, Amelia e Anita.
Flashback off.
Ao início foi tudo normal, elas aparentavam ser comuns e serenas, mas quando se passou uma semana, elas revelaram-se. Eu fartava-me de trabalhar para elas. E sei que a minha tia muitas vezes desejou para que eu não existisse. Mas ela não devia pensar assim, porque ela ganhava dinheiro à minha custa. E as filhas dela… Sempre me fizeram a vida negra, quer em casa, quer na escola. Tantas vezes que fui humilhada na escola por elas. Tive vários empregos, para arranjar dinheiro para os meus livros da escola, para a minha roupa. Ainda trabalho. De semana, depois da escola, vou para o Starbucks, e fico lá até à meia-noite. Aos sábados à noite faço música ao vivo num pequeno pub algures em Londres. E aos domingos mato-me a estudar. Mesmo assim tenho dinheiro reservado para a universidade. Ainda não sei se vou, mas estou a reservar esse dinheiro. Estão a ver a história da Gata Borralheira? Foi mais ou menos a minha, mas sem o final feliz, nem a fada madrinha. Quer dizer, eu tenho uma fada madrinha, pelo menos a que me vai salvar nos próximos meses. A minha melhor amiga, a Eleanor.
Flashback on – 24 de Março de 2011
Hoje vai ser o primeiro dia a trabalhar no Starbucks. Não posso chegar atrasada, não posso passar mal vista por eles.
Deixei tudo arranjado na casa da minha tia, e fui para a escola. Tive todas as aulas, e depois fui logo para o Starbucks. Quando entrei estava lá uma rapariga com um ar muito simpático.
- Estou atrasada? – perguntei-lhe.
- Não, chegaste mesmo a horas. – ela disse-me sorrindo. – Sou a Eleanor.
- Danielle, mas todos me tratam por Dan. – sorri-lhe.
Flashback off.