Desliguei o pc e pousei-o na secretária, certifiquei-me que estava tudo pronto para amanhã. Mal caí na cama adormeci.
Acordei com o som do meu despertador, era 07h, certas. Daqui a uma hora e 45m estava dentro do comboio para viajar até ao Porto. Levanto-me e tomo o meu banho, meto creme, maquilho-me e visto-me, verifico se esta tudo pronto, pego nas malas e vou até ao quarto do meu irmão.
-Posso?
-Sim, entra Sofia.
- Estás pronto?
- Sim, só falta levar as coisas para baixo e tomar o pequeno-almoço. A que horas o Gui vem cá ter?
- Vem ás 08h ter cá a casa.
- Óptimo, ás 8:15 estamos a apanhar o autocarro.
- Sim, vens para baixo?
- Yes. Precisas de ajuda com as malas?
- Não, obrigada.
- Então vá, vamos para baixo.
Descemos e fomos para a mesa da sala de jantar onde já estava o pequeno-almoço à nossa espera.
- Onde vão os meninos com tantas malas? – perguntou-nos a Maria.
- Ontem não a avisei porque já estava a dormir, mas vamos passar o fim-de-semana perlongado ao Porto. – respondeu o meu irmão.
- Ah, fazem bastante bem, e … - a campainha interrompeu o discurso de Maria.
- Deve ser o Gui, vou abrir. – disse eu, saindo da mesa.
- O menino Guilherme também vai com vocês?
- Sim, vai. – ouvi o meu irmão a responder enquanto ia em direcção à porta.
Espreitei pela pequena janelinha que existe na porta para verificar se era mesmo o Gui, e sim, era. Abri a porta e cheguei-me perto. Ele colocou-me as suas mãos nas minhas ancas, eu os meus braços á volta do seu pescoço, e beijamo-nos. Um beijo longo, como de dois namorados que já não se tocavam á bastante tempo. Depois separamo-nos, entramos dentro de casa, eu fechei a porta e caminhamos até á cozinha onde o meu irmão se encontrava, já sozinho.
- Pronto para conhecer a minha terra natal? – perguntei-lhe.
- Já nasci pronto meu amor.
- Ahah, que piada. Ele colocou o seu braço junto das minhas ancas e apertou-me contra ele.
- Olha os pombinhos. – disse o meu irmão, provocando-nos.
- Outro, com o sentido de humor muito elevado. – respondi-lhe – andamos muito brincalhões hoje.
- E nós muito refilonas. – provocando, outra vez.
- Esta bem. – Amuei.
- Então Gui, pronto para conhecer a minha terra natal? – perguntou-lhe o meu irmão, tal e qual como eu lhe perguntei.
- Mas vocês para além de serem gémeos combinam as coisas que dizem?
- Então, porque dizes isso?
- Porque eu acabei-lhe de fazer a mesma pergunta, igualzinho como tu disseste. – disse sem dar tempo ao Gui para responder.
- Ahah, que engraçado. Vamos mazé deixar-nos de conversas e vamos andando para a paragem do autocarro que hoje o dia vai ser comprido.
- Sim, vamos.
Pegamos nas nossas malas e caminhamos até á paragem que existe perto das nossas casas. A viagem até à Gare do Oriente foi curta. Ás 08:45 estávamos dentro do comboio a caminho do Porto. Ia ser uma viagem bastante grande, e por isso levei o meu ipod carregadinho de músicas, e o mais importante, de bateria. Como os “bancos” do comboio era virados uns para os outros, com uma pequena mesinha no meio, eu ia com o Gui num banco, e o Gonçalo ia virando para nós no banco á frente. Eu ia com as minhas pernas sobre as pernas do Gui, ia a ouvir musica. Almoçamos no comboio e perto das 16h tínhamos chegado ao nosso destino, a grande cidade invicta, Porto.
- Então, à primeira vista, o que achas disto? – perguntei ao Gui.
- É bastante bonito, eu já tinha vindo cá, mas foi á bastante tempo e não me lembro muito bem.
- Vamos lá para fora, eu vou telefonar aos pais a dizer que já chegamos. – disse o meu irmão apreçando-se para sair de ao pé da confusão.
Eu e o Gui seguimos o seu exemplo, e enquanto íamos a andar sinto uma coisa a tocar a minha mão, uma coisa não, a mão de Gui. Visto que ele estava a tentar dar-me a mão, retribui o gesto, e ficamos assim, a caminhar de mãos dadas. Ao longe, vi uma cara que não me era estranha, à medida que me ia aproximando ia cada vez mais reconhecendo a cara. Ah, já sei, o Miguel, a sua namorada, a Joana.
- Lembraste de eu ontem te ter falado do tal Miguel, o meu ex-namorado? Ele esta ai ao fundo.
- É aquele? E aquela que está ao lado dele é a tal tua amiga, a Joana?
- Sim, é essa mesmo.
- Aiiiiii, se eu passo por ele, nem sei o que faço.
- Não fazes nada, não vais descer ao nível dele.
- Tens razão.
Passamos por eles os dois. Ouve um ambiente um pouco mau. Eles olharam para nós com cara de surpreendidos. Mas eu não liguei, estava prestes a ver os meus pais, e os meus melhores amigos, e para além disso, estava feliz com o Gui, o meu namorado.